domingo, 2 de novembro de 2008

Rosa dos ventos

Dois pombinhos, um Ipê e o Vento

- Bela tarde, não?
- Sim, uma tarde muito bonita.
- Sim, sim... a propósito, sou Pombo. Posso ter a graça de saber seu nome?
- Claro, sou Pomba. Prazer em conhecê-lo.
- Igualmente.
- E que negócios o trazem a tão belo jardim, sr. Pombo?
- Vim trazer-lhe algo que a senhorita esqueceu no Ipê, quando estavas lá.
- Ora! Não me lembro de ter visto o senhor quando eu estava lá. Pois bem, obrigado. O que foi que eu esqueci lá?
- Algo de mais valor para mim do que para ti, creio.
- Não compreendo....
- Deixe-me explicar. Estava eu lá no Ipê, tranqüilo, vendo o rio correr e conversando com as folhas, quando veio o Vento e disse no meu ouvido: “olha, pombo, aquela flor que brota daquele galho.”. Olhei e vi. Que bela flor. Mais bela que todas as belas flores daquele belo Ipê. Fez-me cativo, e voou. E esqueceu ali o meu coração, já roubado de mim. Vim devolvê-lo.
- ....
- Não o queres?
- Não, não é isso...
- Ah! Já esperava por isso... não se preocupe em inventar alguma desculpa, voarei para longe, mas saiba que ele é seu, e continuará sendo. Mas não se preocupe, não precisa cuidar dele... não precisa.
- Não, não Pombo. É que eu não esperava... na verdade eu te vi sim no Ipê. Estava eu tranqüila em meu galho, conversando com as flores, e veio o vento e me disse: “Pomba, olha aquele ramo verdejante, mais verdejante entre todos deste Ipê”. E te vi. E tive esperança de que olhasses para mim também. Mas não tive meus olhares correspondidos... então voei. E agora veio você... eu não esperava.
- Quer dizer então...?
- Sim, venha Pombo. Vamos, vamos. É teu meu coração, e meu o teu.

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