Biografias são epitáfios
Foi olhando o mundo através do vidro cinzento da minha janela que percebi a verdade: não existe vida.
Nós nascemos. Desde pequenos choramos, e até a velhice choramos. Crescemos chorando, andamos chorando, dormimos chorando, acordamos chorando, morremos chorando. Estamos sempre chorando, sempre lamentando. Estamos sempre sentindo dor, sempre com uma ferida aberta, profunda e agonizante.
Ora, o que é essa dor? O que é essa ferida? É justamente o que chamamos de “vida”. A vida é uma doença incurável, da qual é impossível aliviar as dores que nos deixam loucos, tontos e tristes. A vida é uma série de derrotas que só cessam quando cessa nosso coração. A vida é uma morte constante. Uma sucessão de mortes que sofremos, com intervalos breves, para que retomemos nosso ânimo e recriemos nossa esperança, pois assim poderemos morrer novamente, e novamente, e novamente, até que o corpo se canse e a alma não agüente mais essa escravidão e ambos decidam parar essa luta inútil contra a morte, que por tanto tempo os esteve matando.
Nenhum de nós vive. Estamos todos morrendo e nenhum de nós vive. Nascemos para morrer, crescemos para morrer e, finalmente, morremos. Não há vida. Há morte, apenas morte. E foi olhando o mundo através do vidro cinzento da minha janela que enxerguei tudo isso.
segunda-feira, 27 de outubro de 2008
Assinar:
Postar comentários (Atom)
4 comentários:
Essa complexidade da vida é o fator que desperta a curiosidade de todos nós, humanos. Tentamos, a todo momento, tentar entender o que significa esse "estar no mundo". Cada um relata de um jeito, cada um relata de seu ponto de vista e não pode ser julgado. Gostei muito do texto. Reflexivo ao extremo. Valeu.
http://escondidin.blogspot.com/
hum muito bom, cada um tem sua opinião, é tudo muito complexo
Vc escreve mto bem, mas pra que tanto pessimismo???
ótimo blog!
bonito, tem lido muito os pessimistas do século XIX?
JURA
Postar um comentário