terça-feira, 14 de outubro de 2008

Rosa dos ventos

Sobre o Egoísmo e o Tédio

Chorosa, frustrada e humilhada. Pobre Preocupação. Não foi essa a primeira vez que tentou afrontar meu egoísmo, meu tédio e eu. Pobrezinha... se tivesse que convencer somente a mim, quem sabe talvez tivesse êxito... mas não sou só eu quem precisa de motivos. Sou eu e mais dois: Eu, meu egoísmo e meu tédio. Eu, minha mão direita e minha mão esquerda. Eu, meus grilhões e meu cabresto.
De todos os sentimentos podres e miseráveis do coração humano creio serem o egoísmo e o tédio os mais fascinantes. Este por ser ferramenta muito útil para controlar os ignorantes, aquele por ser a vontade suprema que ergue o homem, que lhe guia os desejos, que lhe faz andar.
Falemos primeiro do tédio. Apático, não tem vontade própria. Segue a maré e se sujeita a todo tipo de situação por ser indiferente. O tédio é grandioso. É capaz de tornar uma sociedade inteira em um grande rebanho de vacas estúpidas e prontas para o abate.
Já o egoísmo... é completamente diferente. O egoísmo ferve, queima, arde. O egoísmo é vermelho. Cria e destrói paixões, arquiteta planos, levanta castelos. E que castelos! Ergue as mais sublimes mansões... em cima das costas de outros, é lógico, mas o tédio se encarrega de que essas costas jamais reclamem. É o egoísmo que cria as grandes ambições, o anseio por poder cada vez maior, o desejo de se ter cada vez mais, o anseio, o desejo, o anseio... O egoísmo levanta os poderosos e, aliado ao tédio, os transforma nos mais poderosos entre todos os poderosos!... E assim destrói os inocentes.
O egoísmo é como o rolo compressor que esmaga as flores, como o fogo que destrói a floresta bela e casta para que venham as pastagens mortas das estúpidas vacas que vão morrer. O egoísmo é a máquina que cospe o negro e podre catarro que asfalta nossas ruas, mata nossa terra e impede que dela nasça coisa alguma que seja boa.
Egoísmo e tédio, benditos sejam, amigos de toda hora! O egoísmo por dar força ao maldito que estupra e fere esta terra, e o tédio por me fazer indiferente a isso.

2 comentários:

Anônimo disse...

eu tenho medo do quão sombrio vc conseguia ser no passado, benja.

Unknown disse...

reflexivo
interessante